Por CREA-RN em 11/05/2018 às 02:25
É preciso construir e preservar a obra da vida de cada um. Esse foi o tom de uma palestra promovida pelo Crea-RN, no canteiro de uma obra no bairro do Tirol, em Natal. Duzentos e cinquenta operários da construção civil adiaram por trinta minutos o início da rotina de trabalho para conhecer o papel de cada um na prevenção dos acidentes.
A palestra foi ministrada pelo engenheiro Pedro Rosas, coordenador da Câmara
de Segurança do Trabalho do Crea-RN. Ele chamou atenção para os dados do
recém-criado Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, o MPT-OIT.
No período de 2012 a 2016, foram gastos no
Brasil cerca de R$ 20 bilhões com o pagamento de auxílios-doença por acidente
de trabalho, aposentadorias por invalidez acidentária, pensões por morte
acidentária e auxílios-acidente aos trabalhadores brasileiros. ”Não há dinheiro que compense uma limitação física
causada, muitas vezes, por um simples esquecimento do uso do capacete de
proteção. É preciso que cada um cuide da obra de sua vida”, alertou Pedro
Rosas.
A mensagem tocou o servente João Batista Bento da Silva, 36 anos.
Há oito trabalhando na construção civil ele ainda não havia acompanhado uma
ação como essa. “Foi a primeira vez que a gente recebeu tantas palavras de
incentivo como amor aos filhos, carinho, educação…..Gostei muito do que ouvi”,
disse emocionado.
A ação, feita em parceria com a Associação Nacional de Engenharia de Segurança do Trabalho, contou com a presença do presidente da ANEST, Benvenuto Gonçalves Júnior, dos diretores do Crea-RN, Abias Vale e Estanislau Moreira e aconteceu na véspera do dia 28 de abril, Dia Mundial da Segurança e da Saúde no Trabalho, e Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho. A data busca advertir sobre os perigos que um local de trabalho pode proporcionar ao trabalhador. “Existe muita desinformação. O Crea-RN priorizou trazer o tema para dentro do local de trabalho na tentativa de mostrar aos colaboradores a importância que cada um tem nesse processo”, disse Ana Adalgisa Dias, presidente do Crea-RN.
Desde
de 2017 o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia no Rio Grande do Norte
intensificou a fiscalização nas empresas e obras. Em um ano foram feitas 187
visitas para verificar a aplicação de programas, como o de Prevenção
de Riscos Ambientais (PPRA) e o Programa de Condições e Meio Ambiente do
Trabalho na Indústria da Construção. Também foi registrado, no mesmo
período, um acréscimo de 25% na emissão no número de ART’s (Anotação
de Responsabilidade Técnica) na área de segurança do trabalho o que demonstra a
presença de um profissional especializado e devidamente registrado em obras e
empresas.
Informações Adicionais/ Fonte Observatório
Digital de Saúde e Segurança do Trabalho.
Brasil: 4º lugar em acidentes fatais
Até 10 de abril eram os seguintes os números
registrados no Brasil com relação a acidentes de trabalho, segundo o site
Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho.
Total de Gastos da Previdência com Benefícios
Acidentários
27.432.934.606 (27 bi)
Gastos estimados desde 2012 até hoje.
R$ 1,00 gasto a cada 7 minutos.
No período 2012-2017 foram gastos
R$ 26.235.501.489 com benefícios acidentários (auxílio-doença,
aposentadoria por invalidez, pensão por morte e auxílio-acidente - sequelas).
Dias de Trabalho Perdidos com Afastamentos
Previdenciários
319.234.311
Dias perdidos estimados desde 2012 até hoje
305.299.902 dias foram perdidos no período 2012-2017.
Acidentômetro (CATs)
4.056.833
Acidentes estimados desde 2012 até hoje.
1 acidente estimado a cada 48s.
3.879.755 CATs foram registradas no período de
2012-2017.
Mortes Acidentárias Notificadas
15.083
Mortes em acidentes estimadas desde 2012 até
hoje.
1 morte em acidente estimada a cada 3h 38m 43s.
14.412 mortes acidentárias foram notificadas no
período 2012-2017.
A Organização Mundial do Trabalho (OIT) estima
que dois milhões de pessoas morrem por ano por conta de doenças ocupacionais no
mundo, ou seja, a cada 15 segundos, um trabalhador morre por conta de uma
doença relacionada ao trabalho.
Já o número de acidentes fatais no trabalho é de
321 mil/ano. A OIT coloca o país como o quarto colocado no ranking mundial de
acidentes fatais no trabalho.
Nos últimos 44 anos, houve mais de 39 milhões e 600 mil acidentes no país, que incapacitaram permanentemente cerca de 592 mil pessoas e vitimaram mais de 161 mil pessoas/ano em média no país.